A História

Marinas Camarões: uma volta no tempo em Nísia Floresta 
Fernando e Gracinha Bezerril

O único trânsito que se vê é o de algumas carroças. De vez em quando, passa um calhambeque, cujo som das rodas de madeira, ao passar sobre pequenas pedras do caminho, compete com o tilintar do galope de alguns cavalos. O verde predomina. São plantações e mais plantações de cana-de-açúcar. O aroma da produção do mel de engenho também é bem marcante nos arredores. De repente, um outro som passa a compor o ambiente: o de um trem, vindo de Natal, que chega carregado de sacas de açúcar na Estação Papary, em Nísia Floresta.

Não! Isso não é alucinação de um jornalista ao descrever o município. Trata-se de uma Nísia Floresta dos idos de 1881, onde a rota pela estação ferroviária de carga, em Papary, era, por assim dizer, indispensável. Eram tempos do auge da economia canavieira no Estado. Tempos áureos dos senhores de engenho, cujos filhos eram enviados para o Rio de Janeiro: um privilégio de poucos.

Embora, de lá pra cá, dois séculos tenham se passado, a sensação que se tem ao atravessar os trilhos e colocar os pés na antiga estação é a de uma autêntica volta no tempo.

Pequenas mudanças

Mesmo que o trajeto para lá não seja mais o de estradas de barro improvisadas, mas de rodovias de asfalto; mesmo que o verde não seja a maior parte da paisagem e casas simples tenham se multiplicado ao redor, o local - que hoje se transformou no Marinas Camarões - soube preservar os traços arquitetônicos.

Mesmo que hoje se vejam mais carros modernos parados em frente da estação e o trem não passe mais para descarregar mercadorias, a tranquilidade e o ritmo mais lento de se viver daqueles tempos também parece tomar conta de quem opta por provar os pratos feitos à base de camarão - um produto onde o município tem grande destaque na economia potiguar. É camarão de todo tipo: à milanesa, à parmegiana, à grega, ao alho e óleo. Para todos os tipos e gostos. O detalhe é que as receitas podem ser degustadas, hoje, onde - exatamente - passavam os trens no passado: em mesas que foram armadas nos trilhos.

"O camarão não podia ser diferente, vem do próprio município, conhecido como a Terra do Camarão", comenta o bem humorado proprietário do lugar, o natalense Fernando Bezerril, atual secretário municipal de Turismo - no cargo do setor pela segunda vez, embora em estâncias diferentes. Ele e a esposa, Gracinha Bezerril, administram a atual estação com um ingrediente a mais: a simpatia típica de um norte-riograndense de bem com a vida.

Foram deles a idéia de unir pratos à base do camarão com outros produtos que ajudaram a mostrar o que o Nordeste tem de bom. "Foram as famosas carnes de sol do Lira e do Marinho, que alargaram as fronteiras de Natal para outros olhos, para outras cidades. Hoje, essa missão pertence ao desejado camarão", acrescenta Fernando Bezerril.

Embora o carro chefe seja o camarão, a estação também reserva ao paladar do turista, ou de quem se dirija ao local, peixes, moquecas e, é claro, uma tentadora e suculenta carne de sol com o queijo de manteiga derretido por cima. Sem falar da galinha caipira, que é criada em um terreiro, comprada dos nativos e abatida na hora.

A restauração

A estação de Papary foi edificada em 1881 pelos ingleses. Feita em estilo neoclássico, com arcos em estilo gótico, ela foi tombada pelo patrimônio histórico estadual em dezembro de 1984. No entanto, a recuperação do lugar só começou há cerca de dez anos.

No entanto, a meta era a de não modificar nada do que era antigamente. Somente o telhado, a hidráulica, as esquadrias passaram por reformas. Mas, as cores, piso, fachada e até uma caixa d'água britânica foram preservadas.

Hoje, o fluxo é cada vez mais intenso, segundo Fernando e Gracinha Bezerril. "Todos os dias nós abrimos na alta temporada. Na baixa temporada, só a Segunda-feira não abre", comentam com empolgação o casal. Um outro motivo de orgulho para os administradores é o fato de que todos os funcionários pertencem à região, fortalecendo uma máxima da atividade do turismo, onde de cada dez empregos, um é no setor turístico.

O local surge como uma opção que une lazer gastronômico com uma viagem pela história do Rio Grande do Norte, além de fazer parte do roteiro turístico 'Caminho das Águas' - um opcional divulgado dentro e fora do País.

Texto: Bira Nascimento

Fotos


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